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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Poemas

No próximo dia 19 de dezembro, quinta-feira, às18 horas, na EOI de Zafra, vamos ter um espaço de partilha para escutar e ler poemas de Fernando Pessoa e Florbela Espanca, com um bom cafe e doces.
VENHAM!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Tábua para almoxarife para a conta do carneiro

É um painel de azulejos proveniente do Hospital da Nossa Senhora do Pópulo em Caldas da Rainha, utilizado pelo almoxarife da institução para calcular a relação entre o número de enfermos por dia e as quantidades exatas de carne de carneiro. Por tanto, corresponde a uma tábula de equivalências.

Representa nas colunas da esquerda a capacidade de doentes no edificio hospitalar e nas colunas da direita, o algoritmo da multiplicação de um arrátel de carneiro de aração para o jantar de cada doente. No hospital de Caldas existiriam cerca de oito tabuadas deste género.
Os azulejos de cerâmica vidrada a azul e branco são do século XVII.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Boas Festas

Com cheirinho às festas de Natal, quase a acontecer, desta vez música de Cabo Verde, com vários artistas caboverdianos. Simplesmente é preciso ouvir...





quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Elvas com Sal e Brasa


Bem próxima de Espanha, ELVAS, uma das urbes mais importantes do Alentejo, junto com BADAJOZ, a nossa cidade da raia, estabelecem uma excelente simbioses que dá licença para obter inúmeros beneficios a moradores e visitantes.
Mas, além do mais, francamente, a grande maioria de nós, os espanhóis, não conhecemos o verdadeiro valor cultural desta cidade Património da Humanidade desde 2012. Ora bem, damos abundosa informação do bom e do melhor comer em muitos dos seus conhecidíssimos restaurantes e marisqueiras: Cristo, A Lusitânia,...
Por consequência, creio que é bom tirar proveito do tempo destes dias, e percorrer as ruas de Elvas e as suas fortificações abaluartadas, pondo fim à visita com uma boa dose de CULTURA GASTRONÓMICA, como é lógico aconselhar desde esta secção do nosso blogue.
Como já disse, são muitos e bons os restaurantes desta cidade, mas hoje falaremos duma “casa de comidas”  típica portuguesa, familiar, e com um nome que exprime bem a sua cozinha.

RESTAURANTE SAL E BRASA


Casa simples muito longe da “Nouvelle Cuisine”, com ambiente familiar e caloroso, e ás vezes com serviço despachado, conta com o Senhor Isidoro como “maître” e relações-públicas, e com a Senhora Isabel na cozinha, para nos oferecer especialidades como: Rodízio de Peixe (12€)  ou de Carne (10€), Arroz de Marisco, Bacalhau Dourado, Frango no Churrasco, contando também com ementa. 


Mas como RECOMENDAÇÃO deixem o cardápio, e optem por  Arroz de Marisco, que a Senhora Isabel  preparará em quantidade suficiente, ou por um bom Rodízio de Peixe que Isidoro trará numa bandeja para que os clientes fazam escolha sob o seu conselho. (dourada, salmão, robalo, sépia... segundo temporada).
Azeitonas, queijo com doce de marmelo, manteiga e patê de sardinhas são as entradas, junto com uma boa salada de alface e tomate, e na sobremesa, delícias como o Doce da Casa.
O preço final da nossa comida, incluindo a bebida por comensal será de 10 €, 12 €, 15 € ou 17 € quando escolhemos vinho, e mais cervejas por pessoa.
Experimentem, degustem neste restaurante, o Senhor Isidoro fará que o tempo de demora seja mais pequeno falando da sua horta, das suas abóboras de até 50 quilos,  e da sua água de poço, não esquecendo na conversa a tão nomeada crise, e tudo, sob a olhadela da sua sogra, sempre presente nas refeições da casa ao lado da imaculada cozinha.
Uma perfeita refeição com uma excelente família.

Restaurante Sal e Brasa
Sacadura do Cabral, 21 Boa-Fé, 7350-280 Elvas
+ 351 965 081 520

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cesária Évora



Hoje gostava de dar uma homenagem à cantora africana em língua portuguesa mais famosa da história, a mulher dos pés nus, a rainha da morna, Cesária Évora, uma cabo-verdiana orgulhosa de ser a um mesmo tempo portuguesa e cabo-verdiana, de ter nascido nestas ilhas do Atlântico e ter espalhado pelo mundo todo as lembranças da terra que um dia a viu nascer através das saudades que transmitem as letras e melodias que a cadência suave da sua voz temperada interpreta.
Falar de Cesária Évora é falar da morna, esse estilo de música que bem podia ser nomeado mesmo como o “fado cabo-verdiano”, pois conjuga em si próprio a saudade e a expressão mais profunda da mistura das línguas portuguesa e crioula que se falam nesta terra.
Cesária faleceu há quase dois anos, mas o som da sua morna ainda continua a balouçar nesse sopro de ar limpo e salgado, quer fresco quer temperado, do Atlântico que nos visita com frequência e nos perfuma com o cheiro português e crioulo da África.
Em resumo, o nosso alvo hoje é duplo: de um lado, trazer à nossa memória a lembrança de uma diva que nos deixou em dezembro de 2011, Cesária Évora, e de outro lado, amostrar ao leitor e ouvinte a variedade da língua portuguesa que é falada nas ilhas atlânticas africanas de Cabo Verde, e tudo condensado numa canção, Sodade, que exprime em si própria saudades de uma terra calma e modesta.

Origem da fotografia: Google images.

 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sentou-se ao computador.
 Pensou na história que imaginara: "Uma mulher está sola no mundo. Todos os outros seres foram mortos. Alguém bate na porta da sua casa."
Não consegue continuar. "Quem fora quem bateu na porta? Um sobrevivente? Um assassino? Por quê o tempo passa tão rápido e tão lento?" 
Olhou para o teclado, ia sentar-se quando o telefone tocou. Atendeu-o e saiu rapidamente de casa...
Voltou, horas depois. Sentou-se ao computador, a história já não fazia sentido, não tinha a mesma força...
E a noite chega e a escuridão vai preenchendo a sala. Ouve una música que gosta. Esquece a escrita e decide deixar que outros terminem a história que já não tem jeito para ela. 
Devagarinho, vai até a casa de banho onde enche a banheira de água.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Lenda da cabaça dos bijagós




Era uma vez uma cabaça que atravessou o océano e chegou à ilha dos Bijagós.
Quando conheceu as cabaças da ilha, descobriu que ela era mais pequena que as outras.
Foi então à procura do feiticeiro do clã para lhe perguntar o que tinha de fazer para ser como as cabaças autótones.
À caminho da cabanha encontrou-se com uma menina formosa e pequenina, Buba, que quando deu por ela, ficou maravilhada porque nunca tinha visto uma cabaça tão pequenina.
A cabaça, apavorada, deu um pé atrás. Mas Buba, muito delicadamente, apanhou-a e pôs arroz no seu interior.
Buba levou-a para a cabanha do rapaz mais bom e corajoso da aldeia e ofereceu-a como presente de amor.
O rapaz ficou totalmente apaixonado por Buba e por aquela cabaça tão pequenina. A cabaça sentiu-se muito feliz pelo seu destino.
Desde então, os Bijagós semeiam esta lenda, as jovens presentam cabaças com arroz aos seus namorados, tal e qual fizera Buba.

Lenda criada pelos alunos/as do nível avanzado 2 da EOI de Zafra

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Alimentos alternativos

A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) defende que os insetos, consumidos atualmente por 2.000 milhões de pessoas, são uma alternativa promissora à produção convencional de carne, com vantagens para a saúde e o ambiente.

   «Os insetos como alimento para humanos e para animais emergem como um assunto especialmente relevante no século XXI devido ao custo crescente da proteína animal, à insegurança alimentar, às pressões ambientais, ao crescimento da população e à procura crescente de proteína animal por parte das classes médias», disse a FAO num relatório  publicado.
Vejam o vídeo e não percam nada o que diz!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PALOP

PALOP é um acrônimo com o qual fazemos referência aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Os portugueses chegaram à Africa no século XV. Após a conquista de Ceuta em 1415 e com o objetivo de descobrir uma rota segura às Índias, longe dos perigosos piratas berberescos, marinheiros portugueses começaram a exploração da costa africana. Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1488, e em 1498 Vasco da Gama chegou à Índia. Embora o império acabasse por desaparecer, a presença portuguesa no continente africano manteve-se até o século XX. Entre 1973 e 1975 as antigas colônias obtiveram a independência, mas a língua portuguesa continuou a ser língua oficial em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, os PALOP. São membros também da CPLP, da que falámos noutro dia, mas tem entre eles uma relação especial: além da herança portuguesa são países africanos. E África é um continente por descobrir...




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Évora, dois restaurantes de pedir por mais

Quando falamos do Alentejo, Évora é alvo das olhadelas de todos nós. A sua rica história, o seu excepcional património cultural, e o seu atractivo de cidade antiga, fazem possível que seja o grande centro turístico da região.
Além desta herança cultural de mais de dois milênios, Évora oferece ao visitante uma excelente recapitulação da tradição culinária alentejana  tornando à cozinha eborense numa iguaria merecedora  dos melhores mantéis e talheres. E, para representar certamente esta cozinha,  a seguir faço menção  de dois restaurantes merecedores de distinção, mas com algumas informações deles  pouco divulgadas e precisas por vezes.
   
restaurante fialho Mítica casa fundada em 1948, é hoje considerada por muitos críticos como um verdadeiro templo da gastronomia alentejana. Mas, ainda que o seu ambiente seja acolhedor em todas as salas de refeições, tente comer nas salas interiores dado que o vestíbulo ou zona de bar,  foi transformado também em refeitório e por consequência, é local de passo, ponto de espera e de fazer bicha. 
Com boa cozinha de sabor regional e muito “saber-fazer”, conta-se que o costume generalizado hoje em Portugal de oferecer pequenos pratos ao início das refeições  começou justamente aqui neste restaurante. Comidas saborosas como: Espargos bravos com ovos; Cogumelos recheados; Bacalhão com grão; Presunto e enchidos; Ovos de codorniz;... são fundamentais na lista de Entrantes da ementa de Fialho. Mas também, para quem não conheça o “sistema”, tenham em conta que todos os pratos apresentados na mesa, muitos neste restaurante,  têm preço, isto é, nenhum deles são oferecidos de modo gratuito como os famosos aperitivos espanhóis.
Para entrarmos na matéria dos PRATOS PRINCIPAIS, os pratos de tacho, tais como:  Açorda alentejana e a Sopa de cação ou de perdiz, o Ensopado de borrego e o Arroz de pombo são uma escolha certa, podendo realmente aconselhar a Perdiz Escabechada (18€) ou a Perdiz à “Convento da Cartuxa”...
Nas carnes é difícil resistir aos pratos de porco preto grelhadas a preceito, sendo recomendável a Presa com acompanhamento de migas (15€).
E para coroar o cardápio, e também para quem tiver resistência suficiente, chegamos à SOBREMESA repleta de delícias da doçaria portuguesa tais como: Encharcada de Mourão, Ovos moles ferrados, Pão de rala, Torrão real de Évora, e as tìpicas Quixadas de Évora, oferecidas pelo empregado de mesa, mas também incluidas depois na conta. Como conselho, provem  o Tecolameco (4,8 €), doce com parecenças ao famosso doce de Olivença em Espanha.
No CAPÍTULO VÍNICO, a carta é extensa estando representadas amplamente regiões vinícolas de Portugal. Recomendação: VILA SANTA SYRAH 2.011 (25€ em restaurante)
INCONVENIENTES: Não há casa de banho adaptada para diminuídos físicos e o acesso ao compartimento  conta com três degraus insalváveis para muitas pessoas.
PREÇO MÉDIO: 35€. (Pode-se incrementar com as tulipas iniciais (2€), o café (1,25€) e a amarguinha (5 €)).
* Todos aqueles que desejarem aumentar o conhecimento das receitas alentejanas, poderão comprar os livros “Restaurante Fialho da Gastronomia Alentejana” e “O Senhor do Montado” os dois disponíveis à venda no mesmo restaurante.

 RESTAURANTE CAFÉ ALENTEJO
Junto à Praça do Giraldo, na rua do Raimundo, situa-se no número 5 este restaurante que vem dos anos 40, e donde tanto vai quem está de passagem como quem vive na cidade.
Com uma decoração sem pretenções, mas delicada, e distribuição de mesas em duas salas, neste espaço podemos encontrar também uma boa amostra da cozinha alentejana.

Espargos salteados (6,8 €), Azeitonas, Saladinhas frias de vinagrete,...para a LISTA DE ENTRADAS, e nos seus PRIMEIROS PRATOS,  entre alguns, o Rabo de boi estofado, o Bacalhao assado  e um excelente Bacalhao gratinado com espinafres (5,5 €) realmente aconselhável. Mas, não se esqueçam de fazer pedido de meias doses já que neste restaurante são muito generosos nas porções.
Com CARTA DE VINHOS correcta, o vinho do mês de outubro,  Antonio Futuro  vinho verde tinto (8€ em restaurante), não é digno duma boa recomendação. Mas, além desta pequena observação, tenham em consideração umas SOBREMESAS que também não destoam.
VANTAGENS: Preços muito convidativos com boa comida no centro histórico da cidade.
INCONVENIENTES: Acesso ao local com degraus e não há casa de banho adaptada para diminuídos físicos.
PREÇO MÉDIO: 15€. (Pode-se incrementar com o vinho, as tulipas iniciais (1,6 €), a imperial (1,10 ) o cafe (0,8 €) e a amarguinha (2,5 €).

Meus queridos colegas, ao abrigo da cultura podemos tirar proveito da gastronomia e tem motivos sobejos para não deixarem de visitar Évora num bom dia de Outono, falar com as castanheiras e comer num destes dois locais. Seguramente depois desejaremos voltar e PEDIR POR MAIS.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ROBERTO CARLOS

Falar do maior representante da música brasileira ao nível internacional nos últimos trinta anos do século vinte é falar de Roberto Carlos, o cantor e compositor romántico que cantou ao amor, à amizade, à família, a Deus e à preservação do meio-ambiente.
No dia de hoje queremos fazer uma homenagem ao rei da música latina, ao músico brasileiro do sorriso permanente, da voz tranquila, que transmitiu o sentimento nascido nas fontes da alma cantando não só em português, mas também em espanhol, francês e italiano.
Qualquer que tenha ouvido as canções de Roberto Carlos concordará comigo em descrevê-lo como o cantor que queria fazer um coro de passarinhos, que queria ter um milhão de amigos e assim mais forte poder cantar; que tinha um gato que estava triste e azul; que tinha às vezes vontade de ser novamente um menino; que era amigo de tantos caminhos, de tantas jornadas, cabeça de homem, mas o coração de menino; que queria ser civilizado como os animais; que era daqueles amantes à moda antiga, que costumam cada dia mandar flores; que dizia que o seu amor no sexo era mesmo uma coincidência total de côncavo e convexo, pois cada parte de nós tem a forma ideal quando juntas estão; que na distância muitas vezes ele pensou em voltar e dizer que no seu amor nada mudou, mas o seu silencio foi maior.
Como homenagem hoje escolhemos quatro famosas canções dele para partilharmos com vocês, quatro vídeos cujas letras nos farão refletir sobre os tópicos que trata em cada uma delas, assuntos que espelham a importância de valorizar tudo aquilo que possuímos no dia a dia e que às vezes passa despercebido.
Lady Laura foi uma canção que Roberto Carlos dedicou à mãe, Laura Moreira Braga. Trata-se de uma reflexão nostálgica sobre os tempos nos que era uma criança, tempos nos que tudo era mais fácil e sentia-se mais seguro.
Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo é um tema composto em honra do pai nos últimos anos de vida. Neste caso, anexamos a letra desta balada para que o visitante a este blogue possa seguir a canção com precisão.
Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo     (Roberto Carlos)
Esses seus cabelos brancos, bonitos,
esse olhar cansado, profundo
me dizendo coisas, num grito,
me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora,
caminhando sempre comigo,
já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo.

Sua vida cheia de histórias
e essas rugas marcadas pelo tempo,
lembranças de antigas vitórias
ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma
e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo.

Seu passado vive presente
nas experiências contidas
nesse coração, consciente
da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, 
seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo.

Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...

Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo.  

Amigo de Fé é uma linda canção que apresenta as suas profundas crenças cristãs e, é claro, a sua letra não só contem uma mensagem dirigida a Deus, mas também a todas essas pessoas que estão mais perto de nós em todos os momentos, quer felizes quer difíceis, da nossa existência.

O Progresso é um canto à vida, à natureza tal como nos foi dada, à preservação dos rios e mares, das matas e florestas, dos animais com os quais partilhamos o planeta, do céu limpo e azul,... e tudo isto com um único objetivo: lembrar que, apesar da força do dinheiro, nós os humanos não somos os donos do planeta e que, portanto, devemos oferecer a oportunidade de desfrutar dele às futuras gerações.   

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

UM JOGO

Da seccão O canto do livro propomos-lhe um simples jogo. Oferecemos-lhe o princípio de um conto do escritor francês Guy de Maupassant (Dieppe, 5 de maio de 1850 - París, 6 de julho de 1893) que se intitula “A morta” e pedimos-lhes que imaginem qual pode ser o seu final e, com certeza, contem-no. Todas as suas ideias são igualmente válidas, embora seja pelo feito que vocês as imaginassem. Força colegas! Ficamos a vossa espera!

A Morta

    Eu a amara perdidamente! Por que amamos? É realmente estranho ver no mundo apenas um ser, ter no espírito um único pensamento, no coração um único desejo e na boca um único nome: um nome que ascende ininterruptamente, que sobe das profundezas da alma como a água de uma fonte, que ascende aos lábios, e que dizemos, repetimos, murmuramos o tempo todo, por toda parte, como uma prece.
    Não vou contar a nossa história. O amor só tem uma história, sempre a mesma. Encontrei-a e amei-a. Eis tudo. E vivi durante um ano na sua ternura, nos seus braços, nas suas carícias, no seu olhar, nos seus vestidos, na sua voz, envolvido, preso, acorrentado a tudo que vinha dela, de maneira tão absoluta que nem sabia mais se era dia ou noite, se estava morto ou vivo, na velha Terra ou em outro lugar qualquer.
    E depois ela morreu. Como? Não sei, não sei mais.
    Voltou toda molhada, nutria noite de chuva, e, no dia seguinte, tossia. Tossiu durante cerca de uma semana e ficou de cama.
    O que aconteceu? Não sei mais.
     Médicos chegavam, receitavam, retiravam-se. Traziam remédios; uma mulher obrigava-a a tomá-los. Tinha as mãos quentes, a testa ardente e húmida, o olhar brilhante e triste. Falava-lhe, ela me respondia. O que dissemos um ao outro? Não sei mais. Esqueci tudo, tudo, tudo! Ela morreu, lembro-me muito bem do seu leve suspiro, tão fraco, o último. A enfermeira exclamou: "Ah! Compreendi, compreendi!"
    Não soube de mais nada. Nada. Vi um padre que falou assim: "Sua amante." Tive a impressão de que a insultava. Já que estava morta, ninguém mais tinha o direito de saber que fora minha amante. Expulsei-o. Veio outro que foi muito bondoso, muito terno. Chorei quando me falou dela.
    Consultaram-me sobre mil coisas relacionadas com o enterro. Não sei mais. Contudo, lembro-me muito bem do caixão, do ruído das marteladas quando a enterraram lá dentro. Ah! Meu Deus!
    Ela foi enterrada! Enterrada! Ela! Naquele buraco! Algumas pessoas tinham vindo, amigas. Caminhei durante muito tempo pelas ruas. Depois voltei para a casa. No dia seguinte, parti para uma viagem.

    Ontem, regressei a Paris.
    (...)Saí e, involuntariamente, sem saber, sem querer, dirigi-me ao cemitério. Encontrei seu túmulo, um túmulo singelo, uma cruz de mármore com algumas palavras: "Ela amou, foi amada, e morreu."
    Lá estava ela, embaixo, apodrecendo! Que horror! Eu soluçava, a fronte no chão.
    Fiquei lá por muito tempo, muito tempo. Depois, percebi que a noite se aproximava. Então, um desejo estranho, louco, um desejo de amante desesperado apoderou-se de mim. Resolvi passar a noite junto dela, a última noite, chorando no seu túmulo. Mas me veriam, me expulsariam. Que fazer? Fui esperto. Levantei-me e comecei a vagar pela cidade dos desaparecidos. Vagava, vagava. (…)
    Estava só, completamente só. Agachei-me perto de uma árvore verde. Escondi-me completamente entre os galhos grossos e escuros.
    E esperei, agarrado ao tronco como um náufrago aos destroços.
    Quando a noite ficou escura, bem escura, deixei o meu abrigo e comecei a caminhar de mansinho, com passos lentos e surdos, por essa terra repleta de mortos.
    Vaguei durante muito, muito tempo. Não a encontrava. Braços estendidos, olhos abertos, esbarrando nos túmulos com as mãos, com os pés, com os joelhos, com o peito, e até com a cabeça, eu vagava sem encontrá-la. Tocava, tateava como um cego que procura o caminho, apalpava pedras, cruzes, grades de ferro, coroas de vidro, coroas de flores murchas! Lia nomes com os dedos, passando-os sobre as letras. Que noite! Que noite! Não a encontrava!
    Não havia lua! Que noite! Sentia medo, um medo horrível, nesses caminhos estreitos entre duas filas de túmulos! Túmulos! Túmulos! Túmulos! Sempre túmulos! À direita, à esquerda, à frente, à minha volta, por toda parte, túmulos! Sentei-me num deles, pois não podia mais caminhar, de tal forma meus joelhos se dobravam. Ouvia meu coração bater! E também ouvia outra coisa! O quê? Um rumor confuso, indefinível! Viria esse ruído do meu cérebro desvairado, da noite impenetrável, ou da terra misteriosa, da terra semeada de cadáveres humanos? Olhei à minha volta!
    Quanto tempo fiquei ali? Não sei. Estava paralisado de terror, alucinado de pavor, prestes a gritar, prestes a morrer.
    E, de súbito, tive a impressão de que a laje de mármore onde estava sentado se movia.(...)
                                                                                               (31 de maio de 1887)

MAUPASSANT, Guy de. Contos Fantásticos. (Trad. José Thomas Brum). Porto Alegre: L&PM, 1997. Coleção L&PM Pocket, vol. 24.