Atualmente
um dos ícones mais representativos de Portugal no que se refere à
música é, sem dúvida, a fadista Mariza. De facto, há quem diga
dela que é a verdadeira continuadora da fama e do prestigio que
Amália Rodrigues deu a Portugal não só dentro das próprias
fronteiras, mas também no mundo todo.
Mariza
nasceu em Maputo (Moçambique) em 1973. Filha de pai português e mãe
moçambicana, a família foi viver a Lisboa em 1977 apôs a perda das
colônias portuguesas de ultramar. À idade de cinco anos, Mariza
começou a cantar fados para entreter os clientes no restaurante que
o seu pai geria no bairro lisboeta da Mouraria, berço do fado. Na
adolescência, até se assumir como fadista profissional, cantou
diversos géneros musicais como, pop, gospel, soul, jazz e ainda
música ligeira, acompanhando o artista/cantor Luís Filipe Reis. Na
época, não caía bem entre os amigos dizer que um dos
seus hobbies era
cantar fado. Além disso, a música brasileira tornou-se uma atração
para Mariza, que viveu durante cinco meses no Brasil, no ano 1996.
Esta
popular fadista tem recebido um amplo reconhecimento não só em
Portugal, mas também a um nível internacional. Muitos dos fados que
popularizou a grande diva Amália têm sido interpretados com
maestria por Mariza, e é especialmente um de eles, Ó
Gente da Minha Terra, que encontra
as mais profundas saudades entre os portugueses espalhados por toda a
geografia mundial.
Nesta
ocasião temos escolhido vídeos de três fados muito representativos
da tradição musical portuguesa cantados por Mariza num concerto que
teve lugar na Torre de Belém em Lisboa e dos quais incluímos as
letras: Primavera, Desejos
Vãos e Ó
Gente da Minha Terra.
Todo
o amor que nos prendera
Como se fora de cera
Se quebrava e desfazia
Ai funesta primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia
E condenaram-me a tanto
Viver comigo meu pranto
Viver, viver e sem ti
Vivendo sem no entanto
Eu me esquecer desse encanto
Que nesse dia perdi.
Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
O que nos dão a comer.
Que importa que o coração
Diga que sim ou que não
Se continua a viver.
Todo o amor que nos prendera
Se quebrara e desfizera
Em pavor se convertia.
Ninguém fale em primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia.
Como se fora de cera
Se quebrava e desfazia
Ai funesta primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia
E condenaram-me a tanto
Viver comigo meu pranto
Viver, viver e sem ti
Vivendo sem no entanto
Eu me esquecer desse encanto
Que nesse dia perdi.
Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
O que nos dão a comer.
Que importa que o coração
Diga que sim ou que não
Se continua a viver.
Todo o amor que nos prendera
Se quebrara e desfizera
Em pavor se convertia.
Ninguém fale em primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia.
O
segundo fado escolhido é Desejos
Vãos, uma canção baseada num
poema de Florbela Espanca, uma poetisa portuguesa nascida na cidade
alentejana de Estremoz.
Eu
queria ser o mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem aos Céus os braços como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem aos Céus os braços como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras... essas... pisa-as toda a gente!
E
por último, gostava de concluir este artigo com Ó
Gente da minha terra, o fado
que talvez exprima e transmita mais saudades em qualquer pessoa que
se preze de ser português e que com certeza nos apresenta uma
fadista, Mariza, que é ao mesmo tempo divina e humana.
É
meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Sempre
que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
Ó
gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
E
pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar
Ó
gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
Ó
gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi.
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi.
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